De forma geral, setor reconhece o importante papel da mulher, inclusive como sinônimo de proteção e fundamental para a criação de produtos que respeitem a adversidade

Marcia Silva, diretora de Canais Especiais da Tokio Marine, vem de uma linhagem de mulheres fortes, bisavós, avós, mãe e irmãs. São mulheres que vão à luta e fazem acontecer, como ela mesma define.
“Sou alimentada dessa ancestralidade, dessa inquietude da mulher. Acho muito bacana trazer a força de quem veio antes de nós, quem nos colocou aqui com essa consciência também de continuar trilhando, abrindo frentes e melhorando a qualidade de vida da mulher. Quando comparo as histórias que a minha avó contava para o que vivenciamos hoje, percebo uma mudança muito forte. Quando olhamos para a nossa indústria securitária, por exemplo, a mulher já é 54% de participação. A nossa indústria é muito acolhedora com as mulheres, quando comparada a outras indústrias que temos contato”, descreve.
Segundo Marcia, na Tokio Marine, 55,9% dos colaboradores são mulheres, sendo 44,5% delas em áreas de gestão e liderança.
“Nós nos complementamos e o ambiente onde tem a equiparação de gêneros e salários, naturalmente, faz com que criemos produtos que respeitem a diversidade de etnias e gêneros. Nossos clientes do mercado securitário são diversos. Empresas como a Tokio, que têm fóruns específicos para debater a diversidade, são muito importantes”.
Na visão da diretora da Tokio, se temos igualdade de oportunidades, consequentemente temos uma sociedade mais justa. “É um trabalho conjunto dos veículos de comunicação, das seguradoras, do board e dos RHs das empresas e, de nós, enquanto mulheres, conversando com os nossos parceiros, filhos, líderes e times que lideramos”, diz.
“O mais recente Estudo Mulheres no Mercado de Seguros, da ENS (Escola de Negócios e Seguros), por exemplo, mostra que 47% das executivas entrevistadas ocupam cargos gerenciais. Já a Confederação Nacional da Indústria (CNI) indica que as mulheres ocupam 39% dos cargos de liderança”, acrescenta Raquel Cerqueira, superintendente Sênior de Produto Auto da Bradesco Seguros.
Ela observa o avanço da mulheres no mercado como um progresso gradual. “Ainda buscamos uma representatividade ideal e políticas de equidade de gênero são sempre bem-vindas. Na Bradesco Seguros, por exemplo, lidero um coletivo voltado justamente para práticas de inclusão de gênero e representatividade feminina”.
Há 27 anos no mercado de seguros, Raquel começou a trajetória em 1998, como estagiária na Bradesco. “Desde então, minha formação em Estatística permitiu que eu transitasse por diferentes áreas e companhias, o que contribuiu imensamente para meu constante desenvolvimento profissional. Há dez anos, retornei à Bradesco Seguros, onde atualmente estou no segmento de Automóvel. No entanto, aqui também tive a oportunidade de trabalhar com Ramos Elementares, o que ampliou significativamente meu conhecimento e experiência no setor”, conta.

Carolina de Molla Lorenzatto, diretora comercial de Vida da MAPFRE, diz que uma pergunta muito frequente que recebe de mulheres, especialmente das mais jovens, é sobre o desafio de conciliar a maternidade com a vida profissional. “E minha resposta é sempre a mesma: o segredo está no equilíbrio. É possível ser mãe, mulher, executiva, mentora, inspirar pessoas e, ao mesmo tempo, buscar o próprio desenvolvimento. Não precisamos escolher apenas um caminho, podemos trilhar vários ao mesmo tempo. Aos quase 50 anos, sigo me desafiando constantemente. Há pouco mais de dois anos, por exemplo, decidi me preparar para uma maratona, algo que exigiu disciplina, foco e resiliência, características que também fazem toda a diferença no ambiente corporativo”.
Ela ressalta uma grande evolução na presença feminina no setor de seguros, especialmente na MAPFRE. “Ao longo dos anos, as mulheres conquistaram cada vez mais espaço, passando de posições operacionais para cargos estratégicos e de liderança. Hoje, vemos mulheres ocupando posições de diretoria, vice-presidência e até mesmo como CEOs de grandes companhias. Isso mostra que a mudança está acontecendo e que o talento feminino vem sendo reconhecido e valorizado. Ainda há desafios? Claro. Mas o avanço é inegável e muito positivo para o mercado como um todo”, observa Carolina que trabalha no mercado de seguros há mais de 30 anos.

“Atualmente, somos maioria em um setor que foi, durante muito tempo, predominantemente masculino”, comemora Marusia Gomez (Maru), diretora Geral da Resolve Assist, empresa do grupo de investidores da EZZE, que possui mais de 25 anos de atuação no mercado de seguros.
Ela lembra que embora o percentual de mulheres no mercado tenha crescido, nota-se menos espaço nos cargos executivos e de liderança. “Estima-se que temos apenas 30%, revelando uma disparidade que não pode ser ignorada”, completa.
De acordo com Marusia, programas de inclusão de gênero têm contribuído para aumentar essa proporção, com políticas que incentivam a contratação e a promoção de mulheres em funções estratégicas. “Além de oferecerem iniciativas para balancear a participação feminina em conselhos de administração e alta gestão, precisamos ter mais equilíbrio e participação e essas políticas podem ser saudáveis nas organizações”.

“O mercado tem crescido como um todo e, para as mulheres, não é diferente. Neste sentido, a SulAmérica é um ótimo exemplo: 53,5% das posições de média liderança são ocupadas por mulheres na empresa e, na alta liderança, esse percentual chega a 39%”, diz Denise Carvalho, diretora comercial de Saúde & Odonto da SulAmérica nas regiões Centro-Oeste, Norte, Nordeste e dos estados Minas Gerais, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Centro-Oeste, Norte e Nordeste, com 29 anos de experiência no mercado de seguros.
“Na SulAmérica, vejo mulheres assumindo papéis estratégicos e sendo reconhecidas por seu talento, o que reforça que estamos no caminho certo”.
A diretora Geral da Resolve Assist destaca que alguns estudos comprovam que os estilos de liderança femininos costumam diferir de seus pares masculinos, apresentando características como empatia, escuta ativa e uma abordagem orientada para o bem-estar da equipe.
“A presença feminina nos cargos mais altos de liderança, por exemplo, precisa continuar crescendo, e isso exige não apenas oportunidades, mas também uma cultura organizacional que apoie e incentive o desenvolvimento das mulheres. O mercado segurador pode avançar ainda mais se cada empresa olhar para a geração de mais oportunidades, como um todo”, acrescenta Denise.
“Acredito que a busca por um ambiente corporativo mais equilibrado deve ir além da questão de gênero. A diversidade, no sentido mais amplo da palavra, traz novas perspectivas e contribui para decisões mais estratégicas e inovadoras. Precisamos avançar para garantir um mercado que valorize diferentes experiências, visões de mundo e trajetórias. Esse equilíbrio além de fortalecer as empresas, também torna o setor mais dinâmico e preparado para enfrentar os desafios do futuro”, diz Carolina.
Elas Na Aconseg-SP
Em gestões anteriores, a Aconseg-SP já contou com mulheres como Membros do Conselho Fiscal. Foram elas Margaret Tymus e Aparecida G.G. Cadima.

Pela primeira vez, a Associação tem duas mulheres na diretoria-executiva: Maria Guadalupe, diretora para o interior de São Paulo, e Monica Dargevitch, diretora Administrativa.
“Ter duas diretoras foi um passo importante da Aconseg-SP. Aliás, é o primeiro passo de um caminho a ser percorrido. Observamos o aumento da participação feminina em um ambiente predominantemente masculino. Inclusive, hoje, temos mais mulheres à frente das assessorias”, observa Monica.
Para ela, o fato de a Aconseg-SP ter mulheres na sua diretoria torna a presença feminina mais democrática. “Temos o aprendizado de que não é só estar presente nas reuniões, nos almoços e na diretoria, mas também desempenhar um papel de peso nas decisões do universo que envolve as assessorias”.

Com 30 anos de atuação no mercado, Monica lembra que, antes, em muitas corretoras de seguros, via-se a esposa ajudando o marido e, hoje, já é observado que as mulheres empreendem. “Nas seguradoras, cada vez mais, temos gerentes, diretoras e presidentes. Esse é um caminho sem volta e um equilíbrio necessário e especial para o nosso mercado. Todos só têm a ganhar com a presença e a competência feminina”.
“Nós, mulheres, temos uma sensibilidade natural que nos permite equilibrar razão e emoção, o que frequentemente resulta em decisões mais assertivas e benéficas”, ressalta Maria Guadalupe.
Ela, que atua no mercado de seguros desde 1978, observa que o mercado tem valorizado cada vez mais a presença feminina. “Esse reconhecimento vem da competência e da capacidade de gestão que demonstramos, alcançando um nível de igualdade com os homens. Eu iria além: se o mundo fosse liderado por mulheres, talvez tivéssemos menos guerras… Quem sabe um dia essa visão se torne realidade?”, reflete Guadalupe.
Conteúdo da edição número 69 da Revista Aconseg-SP