* Por Felipe Barranco
As três grandes áreas do conhecimento são, tradicionalmente, divididas em Ciências Exatas, Ciências Biológicas e Ciências Humanas. A maioria das profissões nasce ou se desenvolve a partir de um desses pilares.

No entanto, há campos que transitam entre os três. O universo dos seguros é um exemplo claro dessa interseção. Pode parecer improvável à primeira vista, mas o setor securitário tangencia os três grandes domínios do saber.
As Ciências Biológicas estão presentes, por exemplo, nas análises de risco médico, que consideram doenças, hábitos de vida, histórico genético e condições crônicas para avaliar a longevidade e a probabilidade de sinistros.
As Ciências Humanas se manifestam na compreensão do comportamento do consumidor, na comunicação com diferentes perfis sociais e na construção de produtos que reflitam necessidades culturais, econômicas e psicológicas.
Durante muito tempo, o setor esteve mais distante das Ciências Exatas, mas isso vem mudando rapidamente. O avanço da tecnologia, especialmente da Inteligência Artificial (IA), está inaugurando uma nova era para os seguros: mais preditiva, eficiente e centrada no consumidor. Dados, algoritmos e automação estão redesenhando o que entendemos como proteção.
Esse movimento se intensifica à medida que cresce a demanda por soluções de seguro que sejam acessíveis, simples e adaptáveis ao dia a dia das pessoas. O setor responde com investimentos robustos em plataformas digitais, machine learning e modelos preditivos que permitem entregar experiências mais relevantes e personalizadas.
Nesse cenário, o modelo Affinity assume papel central. Ao se apoiar em parcerias estratégicas, como varejistas, instituições financeiras, operadoras de telefonia, plataformas de mobilidade ou fintechs, o modelo possibilita a distribuição de seguros de forma integrada à jornada do cliente.
É aí que a IA faz toda a diferença. Ao analisar milhões de dados transacionais e comportamentais em tempo real, os sistemas são capazes de sugerir seguros personalizados para o perfil e o momento de vida de cada consumidor. Um cliente que compra um novo celular pode receber, imediatamente, uma oferta de seguro contra roubo e quebra acidental.
No setor de mobilidade, por exemplo, a IA analisa padrões de deslocamento para oferecer coberturas sob demanda, ativadas apenas quando o cliente está de fato se deslocando. No segmento de seguros pet, algoritmos cruzam raça, idade e histórico veterinário para calcular coberturas e preços personalizados. Já em seguros de saúde e bem-estar, o uso de IA permite monitoramento contínuo, com recomendações personalizadas e até bonificações por hábitos saudáveis, criando programas de fidelidade vinculados ao comportamento.
Além da personalização, a IA viabiliza ganhos expressivos de eficiência. Algoritmos já são capazes de detectar tentativas de fraude, agilizar a regulação de sinistros com base em reconhecimento de imagem e análise contextual, e ajustar produtos em tempo real. Em muitos casos, o sinistro é resolvido sem intervenção humana, com reembolso automático validado por inteligência artificial.
Do ponto de vista do negócio, a análise preditiva permite que novos produtos sejam testados, ajustados e lançados em ciclos curtos, com base em comportamento real e não apenas em pesquisas. Isso torna o setor mais ágil e competitivo, abrindo espaço para inovações contínuas.
O modelo de negócios chamado “Affinity” se torna algo muito diferente e inovador ao combinar tecnologia, dados e parcerias, tornando-se uma das frentes mais promissoras para democratizar o acesso à proteção, expandir mercados e fortalecer vínculos duradouros com o consumidor. A experiência de contratação é simples, fluida e embutida em jornadas já familiares, sem burocracia ou fricção.
Estamos entrando em uma era em que a proteção não é mais um produto genérico e distante, mas uma solução integrada à vida cotidiana, moldada por dados e desenhada para o que importa.
A nova era dos seguros é digital, personalizada e guiada por inteligência.
* Felipe Barranco é diretor de Affinity da WTW