Após a implementação do Open Banking, o próximo sistema que irá proporcionar o compartilhamento de dados para estimular a concorrência e personalizar serviços aos clientes é o Open Insurance. Para quem já está familiarizado com o Open Banking, o novo modelo funcionará praticamente da mesma forma. Só que ao invés de ele estar relacionado às instituições financeiras, dessa vez quem entra em cena são as empresas de seguro.

A implementação do Open Insurance também acontecerá em fases. A primeira delas, na qual ocorrerá apenas o compartilhamento de informações das próprias seguradoras entre elas mesmas, se iniciará em 15 de dezembro de 2021 e vai se prolongar até julho de 2022. A segunda fase, quando os clientes podem dividir seus dados pessoais, começa em setembro de 2022 e, finalmente, a terceira etapa ocorrerá a partir de dezembro do ano que vem, com o início da criação de apólices dentro do novo sistema.

Uma outra semelhança com o Open Banking é que apenas seguradoras de grande porte são obrigadas por lei a participar do Open Insurance. Todo esse processo está sendo regulamentado e monitorado pela Superintendência de Seguros Privados (Susep).

Apesar de tantas similaridades entre os dois modelos, as empresas de seguro têm um grande desafio pela frente para incentivar a adesão dos brasileiros ao compartilhamento de dados. É que, ao contrário de ter conta em um banco, contratar seguros não é algo tão comum no Brasil. Separei alguns números para demonstrar isso na prática:

·         Um levantamento de 2019, feito pelo Ibope e encomendado pela Prudential do Brasil, mostrou que apenas 15% dos 2 mil entrevistados tinham um seguro de vida, seja ele individual, familiar ou vinculado ao emprego;

·         De acordo com a Confederação Nacional das Empresas de Seguros Gerais (CNseg), somente 30% dos carros que circulam no Brasil possuem seguro;

·         Nosso país ficou em último lugar no ranking “People Protection: insights sobre como capacitar uma força de trabalho ágil”, feito pela Zurich e Universidade de Oxford. O estudo, que analisou 16 países, revelou que mais da metade da população brasileira (53,9%) não têm nenhum tipo de seguro ou proteção de renda.

Os benefícios do Open Insurance

Para conquistar consumidores, as seguradoras precisarão trabalhar a comunicação de forma que todos os cidadão entendam as vantagens, não apenas do Open Insurance, mas de contratar um seguro dentro do novo sistema.

Veja: quando se trata de bancos, a maioria das pessoas conhece a figura do gerente de conta e tem um relacionamento com ele. No entanto, não é assim que funciona com as empresas de seguro. Nesse caso, nós temos um primeiro contato com o corretor e, após a contratação, só se fala com a seguradora quando – e se – ocorrer sinistro. Isso faz com que o relacionamento com o cliente seja muito frágil.

Com o Open Insurance, a tendência é que essa situação fique mais próxima do que existe entre nós e os gerentes de banco. A jornada do cliente será facilitada, mais transparente e precisa.

Além de, é claro, empoderar o consumidor de modo que ele compre produtos mais adequados às suas necessidades a preços acessíveis. E tudo isso, na palma das mãos, com apenas alguns cliques nos aplicativos. Nesse cenário, os corretores terão suas funções adaptadas, ganhando um papel consultivo, já que nós teremos a capacidade de escolher os serviços que nos interessam.

Um mercado em ascensão

Segundo a CNseg, o mercado de seguros no Brasil cresceu 19,8% no primeiro semestre de 2021. A arrecadação de R$ 145,1 bilhões superou a do segundo semestre de 2019, período pré-pandemia, que atingiu R$ 144,7 bilhões. A entidade ainda projeta um aumento de 12,5% até o final do ano.

Se a situação já é animadora no modelo atual, imagine quando o novo sistema for implementado. Hoje, a apólice de seguro é baseada na incerteza. Quanto mais diminuirmos essa insegurança, mais fácil vai ficar de precificar. Com o Open Insurance, mais pessoas serão alcançadas. Uma ótima notícia para a população e para o mercado.