*Por Ricardo Costa, Middle Market Country Head da Coface

Em um cenário econômico marcado por altos e baixos, a gestão financeira das empresas nunca foi tão desafiadora. No dia a dia das organizações, especialmente aquelas que trabalham com vendas a prazo, administrar o fluxo de caixa e mitigar riscos são preocupações constantes. A inadimplência dos clientes pode comprometer o pagamento de fornecedores, investimentos e a sustentabilidade do negócio. Além disso, o Brasil é conhecido por sua carga tributária complexa e elevada, que impacta diretamente a rentabilidade.
Nesse contexto, as empresas que optam pelo regime de tributação pelo Lucro Real buscam soluções que reduzam os tributos sem comprometer a segurança financeira. O Seguro de Crédito surge como uma alternativa, pois oferece proteção contra inadimplência e benefícios fiscais.
No regime do Lucro Real, despesas operacionais dedutíveis ajudam a diminuir a base tributável para Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ) e Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL). O prêmio pago pelo Seguro de Crédito pode ser contabilizado como despesa, reduzindo essa base.
Apesar de pouco explorado, esse benefício permite que a contratação do seguro reduza o risco financeiro e o montante de tributos pagos, gerando economia relevante. Ao deduzir o valor do prêmio do lucro tributável, a empresa paga menos impostos e obtém proteção adicional para o fluxo de caixa.
Por exemplo, uma empresa que investe R$ 100.000 em seguro pode diminuir sua base tributária em igual valor, economizando cerca de R$ 34.000 em impostos. Assim, o custo real do seguro é reduzido para R$ 66.000 — um valor que torna a proteção mais acessível.
Além da função protetiva, o seguro de crédito é uma ferramenta estratégica para gerir riscos financeiros e fiscais. Em ambientes econômicos instáveis, essa solução ajuda a empresa a mitigar inadimplência e a melhorar sua eficiência tributária.
A adesão ao seguro tem aumentado entre pequenas e médias empresas (PMEs), que normalmente têm maior exposição à inadimplência e sensibilidade às oscilações econômicas. Para elas, o seguro representa uma forma de proteger o caixa e aprimorar o planejamento tributário, contribuindo para maior estabilidade.
Apesar das vantagens, muitas empresas ainda não adotam essa estratégia. O desconhecimento dos benefícios fiscais, aliado à complexidade tributária e à falta de orientação especializada, faz com que a oportunidade seja subestimada. Por isso, consultorias, corretores e especialistas têm papel fundamental no apoio à adoção dessa solução.
Estudos com empresas do Middle Market indicam que o seguro de crédito oferece ganhos que vão além da proteção contra inadimplência, incluindo redução da carga tributária. Esse impacto duplo tem se consolidado como prática estratégica em um mercado cada vez mais competitivo.
Assim, ao revisar suas estratégias financeiras, especialmente no Lucro Real, as empresas devem considerar o seguro de crédito não apenas como mitigação de riscos, mas também como oportunidade para otimizar tributos — ao menos enquanto permanecem vigentes as atuais regras de apuração, que deverão ser modificadas com a entrada em vigor da Reforma Tributária, prevista, se não houver atrasos, para 2027.
Investir em segurança financeira e eficiência fiscal por meio do seguro de crédito é uma estratégia acessível, capaz de gerar resultados duradouros e significativos para o negócio.
*Ricardo Costa é responsável pelo segmento Middle Market da Coface Brasil. A empresa é líder mundial em seguro de crédito comercial, com mais de 75 anos de experiência, presença em 100 países e atendimento a 50.000 clientes, oferecendo soluções que protegem contra riscos de inadimplência e apoiam decisões informadas.