Saúde Suplementar retoma rentabilidade após anos de prejuízos

Lucro líquido das operadoras alcança R$ 6,9 bilhões no 1º trimestre de 2025. Recuperação abre espaço para repensar equilíbrio da cadeia de valor e eficiência assistencial

Após um ciclo de fortes desequilíbrios operacionais entre 2021 e 2023, a saúde suplementar no Brasil dá sinais de recuperação, o que abre espaço econômico para repensar o equilíbrio e sustentabilidade do setor, conforme revela o estudo especial “Evolução Econômico-Financeira da Saúde Suplementar no Brasil”, produzido pelo Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS). Acesse a íntegra do estudo

iessO levantamento analisa o desempenho econômico do setor desde 2018, contemplando o período durante e pós-pandemia da Covid-19. Todos os valores foram corrigidos pela inflação até março de 2025, garantindo uma análise intertemporal consistente e comparável ao longo dos anos avaliados.

O lucro líquido das operadoras de planos médico-hospitalares atingiu R$ 6,9 bilhões no 1º trimestre de 2025, registrando crescimento em relação ao período anterior. O resultado operacional, que reflete diretamente a atividade-fim do setor, somou R$ 4,4 bilhões. O resultado do período indica recuperação a partir de bases baixas, fruto do desempenho fraco dos anos anteriores.

A melhora foi impulsionada a partir de um forte processo de gestão operacional das operadoras, sobretudo com iniciativas de controle de desperdícios – tendo como um dos pontos altos o combate às fraudes – e também pelo contexto macroeconômico, com alta da taxa Selic, que favoreceu os rendimentos financeiros das operadoras – uma vez que essas são obrigadas, por lei, a manter níveis elevados de reservas técnicas.

“O setor passou por um período crítico, mas a reversão dos indicadores financeiros não pode ser interpretada como solução definitiva. Ainda há distorções relevantes na cadeia de valor que precisam ser enfrentadas com diálogo e responsabilidade”, afirma José Cechin, superintendente executivo do IESS.

A melhora nos indicadores-chave confirma a retomada:

  • Sinistralidade recuou para 79,2%, após picos de até 91,7% em 2022;
  • Margem de lucro líquido subiu para 8,6%, o melhor desempenho desde o início da pandemia;
  • 78,8% das operadoras registraram resultado positivo no período.

Operadoras de grande porte foram as que apresentaram maior eficiência, com sinistralidade de 79% no primeiro trimestre de 2025. Já operadoras pequenas e médias seguem com níveis mais altos de comprometimento de receitas com despesas assistenciais, embora também tenham apresentado melhora frente a 2024.

Apesar dos bons resultados agregados, o estudo alerta para tensões persistentes: 21,2% das operadoras seguem com resultado negativo, revelando uma recuperação ainda desigual. Outro ponto de atenção é a elevada judicialização, que pressiona tanto os custos operacionais quanto a previsibilidade contratual no setor. Segundo Cechin, “sem segurança jurídica e regras claras, não há como planejar investimentos duradouros nem garantir a sustentabilidade do sistema”.

Ele observa que o momento é oportuno para discutir mudanças mais estruturais: “É preciso usar esse respiro financeiro como ponto de partida para uma reconfiguração das práticas do setor. A busca por eficiência não pode se limitar ao resultado contábil, mas deve se traduzir em acesso, qualidade e resolutividade para os 52 milhões de beneficiários”. “Essa combinação de fatores conjunturais não é sustentável no longo prazo. Por isso, é fundamental que o setor avance em modelos de remuneração mais alinhados ao valor assistencial, ao desempenho e à transparência”, afirma.

Fonte: LetraCerta Inteligência em Comunicação

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