Mercado melhorou a imagem, mas ainda tem um longo caminho a percorrer e muito a informar sobre os atendimentos realizados
Carol Rodrigues
A imagem do seguro é um dos pilares do Plano de Desenvolvimento do Mercado de Seguros (PDMS) apresentado pela Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg). A proposta é melhorar o conhecimento da sociedade brasileira sobre as diversas modalidades da proteção securitária.
Outra ação que também contribui para a imagem do setor, mas em outras esferas, é a apresentação das agendas institucional e jurídica do mercado.

“Na nossa gestão, nós criamos alguns elementos de interlocução com o governo, tanto Executivo como Legislativo e Judiciário. A agenda institucional e a agenda jurídica fazem parte, além de encontros com os tribunais federais. Tudo isso integra uma grande estratégia de aproximação do setor de seguros com os representantes do País. Isso tem resultado em uma interlocução mais qualificada, um reconhecimento maior das autoridades sobre a importância do seguro enquanto instrumento de proteção da sociedade”, descreve Dyogo Oliveira, presidente da CNseg.
Segundo ele, hoje, é notório que há, nos órgãos com os quais o setor se relaciona, um conhecimento do setor muito maior. “O uso das licitações públicas que foi aprovada, a revisão do seguro rural, em que fizemos um grande trabalho junto ao Ministério da Agricultura e o Ministério da Fazenda, só aconteceu em virtude dessa interlocução”, exemplifica Oliveira.

Alessandro Octaviani, superintendente da Susep, compartilha a sua experiência de quem está no mercado há muitos anos e já ouviu de juízes frases como: “Quando precisei falar com a minha seguradora, foi muito ruim”.
Para ele, não há dúvidas de que, hoje, o mercado tem uma imagem muito melhor consolidada. “Isso se deve a uma série de fatores, dentre os quais a promulgação do Código de Defesa do Consumidor, a conscientização da população brasileira, a competição entre as empresas que as obriga a terem uma boa imagem, a sociedade da informação e a internet que coloca tudo mais às claras. São avanços inegáveis. Mas esses avanços ainda são insuficientes para o tamanho do desafio que nós temos”, destaca ele, ao lembrar que o Brasil tem uma frota segurada que está aquém do que deveria.
“Ainda temos de convencer a população brasileira de que ela deve contratar mais seguro, que assim a sua vida ficará melhor e mais tranquila. Uma parte é a imagem, a outra é a verdade por trás da imagem, que é, de fato, entregar o que foi prometido”, analisa Octaviani.

“Sou testemunha, nesses 20 anos de Congresso e os dez anos de atuação na área de registro de veículos, de que o mercado evoluiu muito no contato e na relação com o consumidor”, destaca o deputado federal Hugo Leal (PSD).
Um ponto destacado pelo deputado é a ampliação do atendimento da demanda do mercado segurador. “Da mesma forma que o mercado de seguros se amplia, ampliam-se também outros segmentos que devemos ter atenção. Quanto mais o mercado de seguros regulado e reconhecido amplia e conquista novos ambientes, menos espaço vai dar para as instituições que chamo de aproveitadoras. Tenho visto uma linha de profissionalismo e linhas de produtos populares, que são importantes para o seguro chegar a toda a população”.
Um ponto importante citado pelo deputado é a segurança que o corretor transmite no momento da intermediação. “Na Câmara dos Deputados, sempre fui um entusiasta do trabalho do corretor. É o trabalho que fala com a ponta, com a população. Ele é quem traduz todos os produtos que o mercado oferece”.

Na visão de Raquel Reis, CEO da SulAmérica Saúde e Odonto e presidente da FenaSaúde, a comunicação do setor com a sociedade melhorou, mas ainda há muita oportunidade.
“Sempre tem a pauta do reajuste, a pauta do que não foi coberto, a pauta de uma judicialização, que muitas vezes não são coberturas contratuais. Nós não falamos da quantidade de vidas que nós salvamos, da quantidade de procedimentos que pagamos todos os meses, sejam consultas, exames ou procedimentos não cobertos, que, muitas vezes, as operadoras optam em pagar porque aquilo vai ao encontro da melhor expectativa de vida da pessoa. A quantidade de pessoas que está viva hoje e que têm uma qualidade muito melhor do que teria graças à saúde suplementar é brutal. Mas falamos pouco sobre isso”.
As pautas recentes de saúde suplementar versam sobre o combate à fraude, que é a luta das operadoras com relação às fraudes. “É importante falar disso e teve um impacto muito positivo para as operadoras e, consequentemente, para a fonte pagadora, que são as empresas, os beneficiários e os clientes. Mas também é importante falarmos o quanto geramos saúde para a população de forma geral. Sinto falta disso enquanto cidadã. Como presidente da FenaSaúde, essa será uma das minhas pautas: falar mais sobre o impacto positivo da saúde suplementar”, comenta Raquel, ao destacar que não são somente as pautas difíceis que devem ganhar repercussão.

Para João Carlos Inojosa, diretor técnico comercial da Excelsior Seguros, a comunicação vem melhorando em todo o mercado, pois as companhias têm investido bastante no marketing mais humano.
“A Excelsior sempre foi uma companhia muito humana e está transmitindo isso para os clientes e parceiros corretores e assessorias. Temos focado muito na questão da sustentabilidade, diversidade, evolução dos produtos, deixando-os mais acessíveis. Temos trabalhado um marketing muito inclusivo, procurando mostrar para a sociedade que seguro não é despesa, mas sim investimento”.
Na visão dele, a inteligência artificial ainda vai contribuir muito com a comunicação do setor. “A tendência é a comunicação ficar cada vez mais assertiva. A tecnologia tem ajudado no marketing”.
Conteúdo da edição de maio (275) da Revista Cobertura