Conseguro 2025 fala de tecnologia e dos desafios do mercado e tem painel com ícones do mercado; o olhar para o amanhã implica em desviar de questões que impactam diretamente o presente
“Somos a última geração que vai viver a vida antes da tecnologia exponencial. Espero que vocês percebam que o futuro não será como o passado”, disse David Roberts, consultor que proferiu a palestra “Seguros 4.0: Reflexos da transformação tecnológica no futuro do mercado de seguros”, na abertura realizado pela Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg) no final de maio, em São Paulo.
Discutir como serão os seguros em um futuro que bate à porta por conta da tecnologia e o apoio na gestão do risco nas mudanças climáticas são desafios do mercado, que convive com a falta de conhecimento sobre a proteção e a ingerência do Estado em regramentos do setor.
“Será que a disrupção tecnológica nos levará também a uma disrupção do amor, do calor, do frio, da alegria, de chorar?”, questionou Nilton Molina, presidente do Instituto de Longevidade. “O uso intenso e virtuoso de equipamentos digitais não mudam, ainda, o caráter comportamental das pessoas”.
“Independentemente das tragédias, dos problemas, da evolução tecnológica, a humanidade não sai do centro do palco da história humana. Temos o ser humano aproveitando os benefícios da tecnologia, mas ao mesmo tempo ele continua com seus sentimentos, paixões e tragédias”, analisou Luiz Carlos Trabuco Cappi, presidente do Conselho de Administração do Bradesco.
Para Trabuco, a transição tecnológica não vai eliminar o protagonismo da humanidade e os seus riscos. Remeto para a função formidável da indústria de seguros, que é a administração de riscos, que estão e continuarão presentes. É a nossa função social mitigar os riscos envolvidos. A indústria de seguros é uma indústria emergente e será uma das mais preponderantes no século XXI porque os riscos ambientais, da longevidade exigem um nível de proteção”.
De fato, o setor tem inúmeras pautas, mas duas delas impactam enormemente o presente e o futuro: a transição climática e o avanço tecnológico. Para todas as mudanças pelas quais a sociedade passar, o seguro é um dos protagonistas.
Por isso, inclusive, a CNseg levará o tema seguro por meio da Casa do Seguro à COP30, que será realizada em Belém (PA). “Em nenhuma das 29 COPs anteriores o setor de seguros foi mencionado. Essa é uma virada da indústria de seguros. Temos de estar presentes nessas duas ondas que vão acontecer: transição climática e a evolução tecnológica”, destacou Dyogo Oliveira, presidente da CNseg.
No entanto, ao mesmo tempo em que o setor precisa estar na vanguarda de discussões que impactam diretamente a proteção e o futuro da sociedade, se depara com questões que impedem o seu avanço.
“Continuamos enfrentando no Brasil uma dificuldade de percepção da importância do mercado de seguros”.
Nesse sentido, segundo Oliveira, ainda há a necessidade de se abolir o segurês e falar com as pessoas para que elas entendam o papel do seguro. “Temos um desafio tecnológico gigante. O setor de seguros investiu R$ 20 bilhões em tecnologia no ano passado. Também temos uma avalanche chamada risco climático a caminho. Não trabalhar com isso não é uma opção porque o risco climático estará em tudo. A indústria de seguros tem papel fundamental para ajudar a gerenciar os riscos”, apresentou o presidente da CNseg.
“A Conseguro é um brainstorming para desenhar juntos um futuro melhor para o setor e o nosso País. Nunca na história deste setor tantas mudanças ocorreram e estão ocorrendo com esta frequência em tão pouco tempo”, comentou Armando Vergilio, presidente da Fenacor.
Ainda em 2025, o mercado conclui o período de vacatio legis da nova lei de seguros, da lei complementar 213/2025 e da reforma tributária.
Conteúdo da edição de junho (276) da Revista Cobertura
