O papel estratégico do Centro-Oeste para o mercado de seguros do Brasil

Com investimentos em produtos, tecnologia e parcerias estratégicas, ecossistema de seguros quer avançar ainda mais na região que possui potencial extraordinário

Também chamado de Brasil central ou celeiro do Brasil, a região Centro-Oeste é vasta em sua extensão, com uma área de 1.606. 403,606 km2, ficando atrás apenas da região Norte do País.

Estudo da Tendências Consultoria projeta que, após expansão estimada em 2% no PIB em 2024, o Centro-Oeste crescerá 2,8% em 2025.

“A região Centro-Oeste tem uma pujança econômica que a transforma em absolutamente estratégica para o Brasil como um todo, não só do ponto de vista da produção agrícola.

Alessandro Octaviani, superintendente da Susep

Hoje, a região tem diversos encadeamentos tecnológicos que fazem pesquisas do mais alto nível, tais como a produção de pesquisa em biotecnologia; na gestão e logística existe muito incremento em inovação. Tudo isso transforma a região Centro-Oeste em um grande experimento do que de melhor o país pode ter de projetos de desenvolvimento”, diz Alessandro Octaviani, superintendente da Susep.

“O Centro-Oeste é uma região extremamente importante não somente para o setor de seguros, mas para a economia nacional. É uma região com reconhecida e vultosa produção agropecuária, que necessita de proteção para garantir o abastecimento do mercado interno e também as exportações”, ressalta Lucas Vergilio, presidente da Escola de Negócios e Seguros (ENS).

Lucas Vergilio, presidente da ENS

Segundo Vergilio, há grande potencial de crescimento dentro da atividade de seguros, por isso os corretores e as empresas do segmento podem e devem explorar melhor as oportunidades de negócios da região. “Além disso, é lá que está localizada a capital Federal, de onde saem todas as decisões que norteiam os rumos do País. Esse fato, por si só, já confere uma notória importância à região”.

Octaviani destaca o enorme espaço para crescimento dos ramos rural, transporte, responsabilidade civil, “além de todas as possibilidades que o mercado de seguros traz para o empresário reinvestir em proteção e também em seu negócio”, indica.

Dyogo Oliveira, presidente da CNseg

“A região Centro-Oeste tem um grande espaço para expansão do mercado de seguros, principalmente o setor agrícola, que é o carro-chefe da economia da região, que ainda tem pouco seguro rural, mas também os seguros tradicionais, de veículos e residências”, observa Dyogo Oliveira, presidente da Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg).

Ele lembra que, mais recentemente, na região começou-se a olhar para os seguros voltados para as obras públicas. “O Mato Grosso, por exemplo, foi um dos primeiros estados a adotar o seguro como garantia de conclusão das obras públicas”, comenta o presidente da CNseg, sobre o fato de o estado ter alinhado a sua legislação à nova lei de licitações, o que impulsiona a demanda por apólices de seguro garantia.

Lideranças regionais

O Centro-Oeste é uma região com uma economia muito dinâmica, onde o agronegócio é forte e as cidades vêm crescendo de forma consistente, tanto em áreas residenciais quanto comerciais. Esse cenário abre espaço para o desenvolvimento da cultura de proteção e para o avanço de diferentes tipos de seguros.

Andréia Padovani, presidente do Sindseg MG/GO/MT/DF

“Conforme dados da CNseg, enquanto a penetração do seguro no Brasil gira em torno de 3,7% (sem considerar saúde), a nossa região já desponta com uma penetração superior a 3,5%. Isso demonstra que estamos alinhados às tendências nacionais de crescimento, inclusive na adoção de tecnologias como o open Iinsurance e na digitalização dos processos”, diz Andréia Padovani, presidente do Sindseg MG/GO/MT/DF, ao citar dados de 2024.

No ano passado, enquanto a arrecadação do mercado de seguros em todo o Brasil, sem saúde suplementar, foi de R$ 435,7 bilhões, um crescimento de 12,3%, no mesmo período o Centro-Oeste arrecadou R$ 38,1 bilhões, com incremento de 7,3%, inclusive com alguns ramos com crescimento acima do obtido a nível nacional.

Jackson Prata,
presidente do Sincor-DF

O presidente do Sincor-DF, Jackson Prata, também observa que o mercado vem crescendo bastante, principalmente no agronegócio e no vida. “Entendo que isso se deu em virtude de reconhecimento dos clientes sobre o quanto é importante proteger sua família, quer seja no seguro de vida ou no seguro de sua empresa ou moradia. Acredito que nossa região deve ultrapassar a casa de R$ 16 bilhões em prêmios até 2026”, projeta.

“A economia dos estados que integram o Centro-Oeste se destaca pelo imenso potencial do agronegócio, que atrai cada vez mais investidores. Um panorama extremamente favorável ao avanço do mercado de seguros agro que cresce rapidamente, principalmente no Mato Grosso do Sul e no Mato Grosso, sejam eles seguros de equipamentos, colheitadeiras, plantadeiras e tratores. Esses tipos de seguros tiveram crescimento também devido à tecnologia desenvolvida pelos produtores rurais, que tornou a região campeã em produtividade”, descreve Vinicius Porto, presidente do Sincor-GO.

Vinicius Porto,
presidente do Sincor-GO

Para ele, além do agro, saúde, benfeitorias, penhor rural e RD equipamentos também passam por um forte crescimento devido à pujança e economia aquecida.

“As seguradoras estão ampliando suas presenças com filiais, corretores locais e soluções digitais voltadas ao público regional. A penetração da internet e dos smartphones em cidades médias e pequenas tem facilitado o acesso a seguros mais simples e personalizados, como os por assinatura ou pay per use. A expansão urbana e imobiliária em capitais como Goiânia, Brasília e Cuiabá, que vêm se desenvolvendo rapidamente, estimula o crescimento dos seguros patrimoniais, de vida e saúde. Com sua localização central, a região serve como polo logístico e de transporte. Isso aumenta a relevância dos seguros de transporte de cargas, responsabilidade civil, frotas e automóveis”, analisa Porto, para quem o Centro-Oeste é uma região onde quem entra com estratégia e visão de longo prazo, colhe frutos sólidos e sustentáveis.

Fernando Faracco, presidente Sincor-MS

“É nessa região que está a concentração de atividades do agronegócio, que movimentam vários setores, como os de insumos, fertilizantes, mão de obra, máquinas agrícolas e, por fim, a exportação, e com isso desperta a atenção do mercado segurador, que tem como objetivo ter uma participação maior no PIB brasileiro”, ressalta Fernando Faracco, presidente Sincor-MS.

“O Mato Grosso é um celeiro de oportunidades, um canteiro de obras, um estado com uma grande pujança de crescimento e desenvolvimento. É uma terra de oportunidades. Estão vindo operar no nosso estado corretoras de seguros do sudeste e do sul do País”, diz José Martins, presidente do Sincor-MT.

José Martins,
presidente do Sincor-MT

Segundo ele, é uma terra que traz um grande desafio para o mercado segurador, em função da tecnologia que tem aplicado no segmento de lavoura. “Em nosso estado, costumamos dizer que da porteira para dentro da fazenda é 5.0 de tecnologia, e da porteira para fora deixa a desejar, muito em função da infraestrutura logística”, acrescenta Martins.

Para Andréia, o potencial do Centro-Oeste é muito promissor. As projeções de mercado indicam que, entre 2026 e 2034, a atividade econômica da região crescerá em média 2,8% ao ano, enquanto o Brasil, no geral, deve avançar a uma taxa de 2,3%.

“Esse crescimento será impulsionado, principalmente, pela melhoria na infraestrutura, com investimentos em rodovias, ferrovias e portos do chamado Arco Norte. Esses avanços logísticos tendem a reduzir custos e ampliar as oportunidades econômicas, fortalecendo ainda mais o papel do seguro como instrumento de proteção e alavanca para novos negócios. Apesar de sermos a segunda maior região do Brasil em extensão territorial e termos uma renda per capita acima da média nacional, o PIB do setor de seguros ainda está abaixo da média brasileira. Isso significa que há espaço para crescer — especialmente investindo na expansão da distribuição e no fortalecimento da presença do seguro nas diversas cidades da região”, diz a presidente do Sindseg MG/GO/MT/DF.

Investimento das seguradoras

Diego Bifoni, diretor territorial da MAPFRE

Com tanto potencial, a região está no radar das seguradoras. “Acreditamos muito no potencial de crescimento da região e no quanto ela pode contribuir para o fortalecimento do setor como um todo. Os seguros voltados ao agronegócio, por exemplo, e produtos de vida com serviços agregados ao cliente, têm sido grandes motores desse crescimento”, define Diego Bifoni, diretor territorial da MAPFRE.

Conforme Bifoni, a seguradora tem uma presença forte no Centro-Oeste e a meta é crescer com consistência. “Mais do que números, nosso foco está em crescer com qualidade. Para isso, apostamos em três pilares: estar próximo do corretor, oferecer um atendimento diferenciado e ter um portfólio competitivo. Também estamos investindo em inovação, na capacitação dos nossos parceiros e em novos canais de distribuição”, diz ao mencionar que vê um terreno fértil para expandir linhas como vida, rural, empresarial, automóvel e residencial.

Solon Barretto, VP Comercial e UX da Alba Seguradora

Para Solon Barretto, VP Comercial e UX da Alba Seguradora, a região Centro-Oeste é crucial para o mercado nacional de seguros, especialmente no setor rural. “Conhecida como o ‘celeiro do Brasil’, abriga 19 dos 25 municípios mais ricos do agronegócio brasileiro, portanto o setor de seguros na região desempenha um papel fundamental nas proteções patrimoniais, financeiras e pessoais”.

O VP da Alba destaca que houve aumento superior a 25% na procura por seguros como o de RD Equipamentos, Benfeitorias e Penhor Rural na região, nos dois anos anteriores. Outros produtos apresentam crescimento significativo, como os compreensivos de danos, empresarial e residencial e vida em grupo, bem como os comercializados por empresas varejistas, como o prestamista, de proteção financeira e o garantia estendida.

Jean Brunetto, diretor Comercial da Tokio Marine

“A nossa regional Centro-Oeste, por exemplo, cresceu 12,8%, com faturamento superior a R$ 800 milhões, em 2024. E dentre os produtos que mais se destacaram podemos elencar o seguro garantia, com um aumento de 390%, seguido pelo fiança locatícia (89%), condomínio (32%), agro fazendas (25,69%) e automóvel (6,6%) – o que evidencia toda a relevância da região”, destaca Jean Brunetto, diretor Comercial Regional Centro-Oeste da Tokio Marine.

Além disso, segundo ele, de abril de 2024 a março de 2025, a regional Centro-Oeste da Tokio Marine já representa quase 9% da Diretoria de Varejo a nível nacional e as perspectivas são positivas, com expectativa de crescimento em ritmo acelerado até o final do ano.

Eduardo Grillo, diretor Comercial da Suhai Seguradora

Para Eduardo Grillo, diretor Comercial da Suhai Seguradora, o Centro-Oeste representa um mercado vital para seguros de veículos, com crescimento acima da média nacional, especialmente em motos. “A região combina uma frota em expansão com um público que valoriza proteção e serviços personalizados. Diariamente, aproveitamos a expertise dos nossos parceiros comerciais para entender as necessidades do público local e adaptar a nossa comunicação e as nossas soluções, ampliando nosso alcance na região”, comenta Grillo.

“O potencial da região é significativo. À medida que temas como educação financeira, inovação e inclusão continuam evoluindo, o seguro tende a se tornar cada vez mais presente na vida das pessoas, acompanhando as transformações da sociedade e oferecendo soluções adequadas às necessidades de cada perfil”, afere Alex Lopes, superintendente sênior de Negócios da Bradesco Vida e Previdência no Centro-Oeste.

Alex Lopes, superintendente sênior de negócios da BVP

De acordo com ele, a companhia tem uma presença consolidada na região e segue atenta às oportunidades de expansão, sempre com foco em oferecer soluções que façam sentido para as pessoas, de acordo com seus contextos e necessidades. “Mais do que buscar aumento de participação por si só, nosso objetivo é crescer de forma sustentável, com uma atuação próxima, transparente e comprometida com a promoção da cultura do seguro. O Centro-Oeste segue como uma região estratégica nesse movimento, com grande espaço para desenvolvimento, especialmente em soluções voltadas à proteção financeira e ao planejamento de longo prazo”.

Mais capilaridade

Dentro do projeto de expansão, entra em pauta o papel das assessorias, inclusive devido à extensão territorial da região.

“As assessorias têm um papel essencial, especialmente em uma região tão extensa quanto o Centro-Oeste. Elas ajudam a dar suporte técnico, capacitam os corretores e ajudam a levar a cultura do seguro para mais pessoas”, comenta Bifoni.

A Alba iniciou as operações na região em 2024, representada por quatro assessorias vinculadas à Aconseg-CO, com expressivo avanço a partir do segundo semestre em seguros coletivos de vida, equipamentos, compreensivos empresarial e residencial e garantia estendida. “Para 2025, vamos reforçar nossa atuação na região, com presença dos executivos, proximidade e expansão das operações com as assessorias e parcerias estratégicas”.

Hoje, a Tokio Marine atua com sete assessorias na Regional Centro-Oeste, que só de abril de 2024 a março de 2025, produziram cerca de R$ 135 milhões. “As assessorias também contribuem diretamente com o apoio aos corretores em negociações, avaliações de riscos e acesso aos serviços das seguradoras”, diz Brunetto.

Jackson Prata vê o trabalho das assessorias como muito relevante para o atendimento ao corretor de seguros. “As assessorias são um braço importantíssimo que as seguradoras possuem, sem este canal de apoio tenho certeza que o mercado não teria evoluído tanto”.
Para Grillo, as assessorias são parceiras estratégicas e indispensáveis. “Essa proximidade com corretores e assessorias nos permite entender as particularidades regionais e oferecer soluções mais assertivas. Hoje, grande parte do nosso crescimento no Centro-Oeste é fruto dessa colaboração”.

O superintendente da Bradesco define as assessorias como essenciais. “Elas atuam como um elo importante entre seguradoras e corretores, contribuindo para a disseminação do conhecimento técnico, apoio à operação comercial e incentivo à qualificação profissional.

Além disso, estão mais próximas do dia a dia do corretor, conhecem as demandas locais e ajudam a tornar o processo de contratação mais simples e acessível para o cliente final”.

“As assessorias desempenham um papel fundamental de apoio às corretoras e também aos segurados, além da construção de soluções. É um trabalho fundamental e que ajuda na nossa missão de expandir o setor e atender cada vez mais clientes”, opina o presidente da CNseg.

O superintendente da Susep lembra que, para além do ofertante do contrato e do consumidor de seguro, existe toda uma cadeia que é essencial para que isso ocorra. “As assessorias fazem parte da cadeia de seguros e são muito relevantes”, diz.

Octaviani vê com bons olhos a organização das Aconsegs, pois entende que funcionam como um primeiro filtro para coibir procedimentos que não condizem com a boa conduta profissional e ética. “Toda autorregulação ou preocupação com o autocontrole dos subsetores do nosso mercado são bem-vistos e positivos”.

“A Aconseg Centro-Oeste tem sido uma facilitadora importantíssima, promovendo o profissionalismo no mercado, orientando os corretores e oferecendo soluções personalizadas em parceria com as seguradoras. Ela também contribui diretamente para o desenvolvimento econômico regional, estimulando a inovação e a eficiência no mercado.

Sem dúvida, a presença da Aconseg Centro-Oeste vem ajudando a consolidar uma estrutura mais competitiva e sustentável para o futuro do setor na nossa região”, conclui Andréia Padovani.

Conteúdo da edição 01 da Revista Aconseg Centro-Oeste

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