Quatro importantes lideranças de MG falam da importância do mercado local e de iniciativas com o objetivo de apresentar o seguro como uma solução para o desenvolvimento econômico, social e ambiental da região
Carol Rodrigues
O mercado de seguros mineiro fará uma movimentação diferenciada no começo de agosto. Durante três dias, profissionais do mercado de seguros estarão reunidos em Diamantina (MG) para um evento batizado de “Corretor na Real”.
“Cair na real tem uma interpretação dúbia, que é cair na Estrada Real – o circuito turístico conhecido como Estrada Real liga Diamantina a Ouro Preto – e também a cair na real, enquanto profissional”, comenta Gustavo Bentes, presidente do Sincor-MG.

Segundo ele, com o “Corretor na Real”, o objetivo é falar fortemente para fora e fazer o corretor entender os objetivos dos fins da profissão, que são as responsabilidades social, econômica e ambiental de orientar a população.
“Não é só vender. O que conseguimos para Diamantina é algo que nunca foi feito pelo mercado de seguros na história do Brasil. Nós utilizaremos o patrimônio histórico de Diamantina para ser os nossos pontos de visitação. Em vez de montar estandes, vamos andar pelas ruas de Diamantina em grupos de corretores. Cada grupo terá um guia e um embaixador do Sincor, e o deslocamento do ponto A ao ponto B tratará da história do local.
A história é construída a partir de amparo, cuidado, proteção e obras, tudo o que fazemos no nosso dia a dia”.
Desde o início do mandato de Bentes no sindicato, ele procura o poder público local, iniciativa privada e entidades representativas da cidade em que vai realizar um evento do mercado de seguros. “Falar para fora é um propósito da atual administração do Sincor-MG. Precisamos ir além desses muros do mercado de seguros”.
Ele compartilha que, ao conhecer o trabalho do mercado de seguros, o prefeito de Diamantina, Geferson Giordani Burgarelli, reconheceu que o seguro pode ajudar no desenvolvimento econômico e social da cidade. A partir disso, nasceu outro projeto, denominado “Cidades Protegidas”.
O “Cidades Protegidas” consiste em o mercado de seguros, capitaneado pelos corretores de seguros, na ocasião representados pelo Sincor-MG, visitar as cidades e apresentar o mercado como uma solução para o desenvolvimento econômico, social e proteção de ambiental.
“Apresentamos as inúmeras soluções de seguros uma a uma como apoio ao desenvolvimento econômico e social das cidades e da iniciativa privada. Estamos criando um ambiente favorável para que os corretores sejam a solução para a entrega dessa resposta. Levantamos os leads, aquecemos o mercado, orientamos a população e discutimos – vale lembrar que as prefeituras e entidades são compradoras e promotoras porque escalam a comunicação”.
Por isso, Bentes diz que existe um mercado de seguros de antes dos projetos e outro que está em grande transformação a partir da implementação do “Corretor na Real”, iniciado em janeiro deste ano, que teve o seu principal desdobramento, o “Cidades Protegidas”.
“Dificilmente o público mineiro troca de corretor. Mas, a partir dos projetos, já estamos percebendo que o que faz a diferença na cabeça do consumidor é o propósito da entrega”.
Terceiro maior em seguros
O estado de Minas Gerais ocupa a terceira posição na emissão de prêmios do cenário nacional, com 7,90% do mercado e emissão de prêmios próximo a R$ 22 bilhões desde 2024, conforme dados compartilhados pelo SindSeg MG/GO/MT/DF.
“Minas apresenta um mercado segurador robusto e em constante crescimento”, destaca Andréia Padovani, presidente do SindSeg MG/GO/MT/DF.

Segundo ela, a atual gestão do sindicato tem como foco a inovação, a colaboração e a responsabilidade com o objetivo de colocar Minas na vanguarda da transformação digital, das tendências globais e do aprimoramento regulatório.
“Esse posicionamento reflete um mercado com forte potencial de crescimento, sustentado por pilares como digitalização, capacitação e articulação institucional. O desempenho do setor segurador em Minas está fortemente relacionado à sua diversificação econômica, com destaque para o agronegócio, o setor comercial e a infraestrutura. Essa combinação impulsiona seguros rurais, patrimoniais, de responsabilidade civil e garantia, que vêm apresentando crescimento expressivo”, explica Andréia.
Conforme a presidente do Sindseg MG/GO/MT/DF, o mercado mineiro é tido como um seletor de produtos e serviços pelo perfil exigente dos consumidores, contribuindo com inovações para o Brasil. “E uma das prioridades do sindicato é fortalecer o diálogo com os órgãos reguladores e com a sociedade, reforçando a confiança e a credibilidade do setor.
Essa postura reflete uma característica marcante do mercado mineiro: a sua capacidade de articulação institucional, com atuação integrada entre seguradoras, corretores, entidades de classe, poder público e consumidores”.

Na visão de Robson Augusto Carneiro, presidente da Aconseg-MG, o mercado mineiro tem um potencial extraordinário, tanto pela sua dimensão territorial quanto pela relevância econômica. “O Estado faz fronteira com importantes polos econômicos e representa cerca de 10% da população brasileira, sendo a terceira maior economia do País. Essa diversidade geográfica e econômica cria demandas específicas que impulsionam o desenvolvimento do mercado segurador, contribuindo para um crescimento acima da média nacional”, diz.
De acordo com ele, a associação tem atuado como uma força estratégica no desenvolvimento do mercado segurador mineiro, oferecendo solidez e proximidade no relacionamento entre seguradoras e corretores.
“O mercado mineiro vem apresentando um desempenho acima da média nacional, e parte desse resultado se deve ao trabalho consistente das assessorias parceiras da entidade.
Nosso protagonismo se constrói por meio da capacitação dos corretores, do fortalecimento institucional junto às seguradoras e da promoção de ações que fomentam toda a cadeia do setor”, comenta o presidente da Aconseg-MG, que conta com 12 assessorias filiadas, que oferecem atendimento a cerca de 5,5 mil corretores de seguros, que, juntas, movimentam uma produção anual de aproximadamente R$ 950 milhões.
“A principal característica do mercado mineiro é a sua capilaridade, aliada ao relacionamento próximo entre corretores, assessorias e seguradoras. As assessorias associadas à Aconseg-MG atuam de forma decisiva em cidades onde as seguradoras não mantêm presença direta, garantindo suporte comercial e técnico aos profissionais. Minas Gerais, por ser um estado com grande número de municípios, permite essa atuação descentralizada e eficiente”, diz Carneiro.

“Minas tem 853 municípios e corretores atuando em praticamente todos eles, o que contribui para a alta capilaridade e para um contato direto com a população. Também vale destacar que ainda precisamos de mais profissionais atuando no setor — pessoas qualificadas para oferecer soluções de proteção. A formação e a capacitação são essenciais para ampliar o acesso da população ao seguro, o que vem sendo feito por instituições como a ENS e pelas próprias seguradoras e corretoras”, comenta João Paulo Moreira de Mello, presidente do Clube de Seguros de Pessoas de Minas Gerais (CSP-MG).
Para ele, um dos destaques do mercado mineiro de seguros de pessoas é o crescimento constante da presença de novos corretores, especialmente jovens profissionais. “Temos observado essa renovação tanto nos eventos quanto nos cursos de capacitação, com pessoas que, cada vez mais, escolhem o setor de seguros como primeira opção de carreira”.
Outro traço marcante é o perfil familiar de muitas corretoras, especialmente no interior.
“É comum encontrarmos empresas que já estão na segunda ou terceira geração, com filhos, netos e cônjuges trabalhando juntos. Apesar da presença de grandes corretoras multinacionais no estado, essa característica familiar segue muito forte”, comenta Mello.
O presidente do CSP/MG diz que, atualmente, os corretores já têm olhado mais para os seguros de pessoas, comprovado por um levantamento do SindSeg MG/GO/MT/DF, com base em dados da Susep.
Segundo a análise, o segmento de seguros de pessoas registrou crescimento de 12,8% em 2024 em relação a 2023. “Já de janeiro a abril de 2025, o avanço foi de 8% sobre o mesmo período do ano anterior, um desempenho acima da inflação e do PIB, o que comprova um crescimento real”, diz o presidente do CSP-MG.
Mello destaca que, desde sua fundação, o CSP-MG tem como missão ampliar a proteção da sociedade por meio da disseminação dos seguros de pessoas — vida, acidentes pessoais, previdência, saúde e odontológico.
“Para isso, acreditamos que a melhor estratégia é capacitar quem atua no mercado. Nosso foco está na qualificação técnica, no fortalecimento das boas práticas e na divulgação das oportunidades que os produtos oferecem para corretores e consumidores. A série de eventos ‘Conhecer para Proteger’, por exemplo, tem sido um sucesso. Nela, trazemos seguradoras beneméritas e corretores parceiros para compartilharem histórias reais de sucesso. Isso inspira outros profissionais a atuarem com mais estratégia e segurança.
Sempre defendemos que o exemplo arrasta. Por isso, priorizamos ações que gerem aprendizado prático, conexões e valorizem quem está na linha de frente. Todo o planejamento do CSP-MG gira em torno desse propósito”.
Para Mello, um dos principais desafios é ampliar a proteção da sociedade por meio dos produtos da indústria de seguros. “Precisamos de mais profissionais qualificados atuando no setor e oferecendo esses produtos com clareza e responsabilidade. Capacitação é a palavra-chave”.
Outro ponto crítico é o custo da saúde suplementar. “Apesar de o SUS ser referência internacional, sabemos que ele não consegue atender a toda demanda. A saúde suplementar continuará sendo essencial, e precisamos encontrar soluções que tornem esse acesso viável para a população. Portanto, o desafio é duplo: formar mais pessoas para oferecer esses produtos e, ao mesmo tempo, criar condições econômicas e sociais para que a população possa adquiri-los. O CSP-MG está atento a essas transformações e trabalha ativamente para ser um agente de mudança e evolução no setor”, conclui.
Andréia Padovani destaca que entre os desafios estão a gestão de Riscos Climáticos e Ambientais, pois são assuntos que têm impactado diretamente o setor, exigindo novas abordagens para avaliação e precificação de riscos, e o crescimento da demanda por Produtos Especializados.
“Com o aumento da complexidade dos riscos, cresce também a demanda por seguros mais específicos, como seguro cibernético, seguro de crédito e seguro garantia”, analisa.
Vale lembrar que, no tocante aos riscos climáticos, o seguro rural mineiro, por exemplo, pagou R$ 72,9 milhões em indenizações no primeiro quadrimestre de 2025, reflexo de eventos climáticos extremos.
“A relevância das mudanças climáticas é inquestionável, especialmente diante dos impactos crescentes sobre diversos setores da economia. Recentemente, promovemos encontros em Cuiabá (MT) e Uberlândia (MG) com o objetivo de discutir os efeitos das mudanças climáticas e as soluções que o setor pode oferecer, em especial ao agronegócio”, destaca a presidente do sindicato. “O debate regional sobre o tema tem sido uma prioridade da nova gestão, que busca preparar o setor para enfrentar riscos climáticos cada vez mais intensos”, acrescenta.
Por isso, segundo ela, a gestão atual do sindicato está centrada em três eixos: inovação, colaboração e responsabilidade. Isso reflete os principais desafios enfrentados pelo setor, como a adaptação regulatória, especialmente com a nova Lei do Seguro; a promoção da cultura do seguro e educação do consumidor e a capacitação técnica dos profissionais do setor.
Para Carneiro, o principal desafio do setor ainda é o aculturamento da população em relação ao seguro. “Muitas pessoas ainda não reconhecem a importância da proteção securitária e mantêm a percepção equivocada de que o seguro é algo inacessível ou burocrático. Precisamos fortalecer a educação securitária, ampliar a comunicação sobre os benefícios do seguro e divulgar com mais clareza os valores que as seguradoras devolvem à sociedade por meio das indenizações. O equilíbrio entre crescimento, modernização e conscientização do consumidor é fundamental para o avanço do setor”.
Conteúdo da edição de julho (277) da Revista Cobertura